Morreu Vasco Graça Moura (1942-2014)
Morreu hoje em Lisboa, Vasco Graça Moura, uma das vozes mais críticas do novo acordo ortográfico. Um dos nomes grandes da língua portuguesa e da lusofonia foi poeta, ensaísta, romancista, tradutor, deputado, secretário de estado e desde 2012 era presidente do Centro Cultural de Belém. A sua poesia é cantada por algumas das grandes vozes do fado, como Carminho, no álbum Alma.
Talvez
Vasco Graça Moura / Mário Pacheco
Talvez digas um dia o que me queres,
Talvez não queiras afinal dizê-lo,
Talvez passes a mão no meu cabelo,
Talvez não pense em ti talvez me esperes.
Talvez, sendo isto assim, fosse melhor,
Falhar-se o nosso encontro por um triz,
Talvez não me afagasses como eu quis,
Talvez não nos soubéssemos de cor.
Mas não sei bem, respostas não mas dês.
Vivo só de murmúrios repetidos,
De enganos de alma e fome dos sentidos,
Talvez seja cruel, talvez, talvez.
Se nada dás, porém, nada te dou
Neste vaivém que sempre nos sustenta,
E se a própria saudade nos inventa,
Não sei talvez quem és mas sei quem sou.
Biografia de Vasco Graça Moura no Portal do Fado:
Vasco Graça Moura
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