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A mostrar mensagens de 2015

Deixa ir...

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Vivo com os meus avós desde que me lembro. Antes também com os meus pais, agora somente com eles. A casa é pequena. Dois quartos, casa de banho e cozinha. E o cão-gato, dono da casa toda. A minha mãe fica sempre surpreendida que os meus avós me dão tanta liberdade. Volto para casa tarde, vou às festas com os meus amigos, vivo uma vida de universitária como o resto dos meus colegas que vivem sozinhos. Mas eu com um almoço quente e coada sempre feita. Uma vida de luxo, posso dizer. Voltando à minha mãe, ela não teve uma vida tão fácil com eles. Voltava para casa às dez e nada podia mudar isto, só uma mudança, um salto para a vida adulta. O que mudou? Amadureceram. Antes viviam em tempos revoltos, quando era proibido ouvir a rádio. Enquanto a sua filha mais velha lutava por poder estudar direito na universidade e depois fazer os exames para procuradora, a mais nova (a minha mãe) fugiu do país para Espanha com o seu namorado, agora o meu pai. Podiam dizer qualquer coisa? Não det

António Variações faria hoje 70 anos

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António Variações (3 de dezembro de 1944 - 13 de junho de 1984) ENTRE NOVA IORQUE E A SÉ DE BRAGA António Joaquim Rodrigues Ribeiro, filho de camponeses minhotos, desde muito cedo revelou propensão para a música. Nascido em 3 de Dezembro de 1944, abandonou a sua aldeia natal (Lugar do Pilar, freguesia de Fiscal) em 1957 e foi para Lisboa, onde se dedicou a várias actividades profissionais desde empregado de escritório até barbeiro. Em 1975 viaja até Londres, onde fica durante um ano e parte, depois para Amsterdão onde aprende a profissão de cabeleireiro. Esta aprendizagem servir-lhe-á para se instalar, novamente, na capital portuguesa; onde se estabelece com o primeiro cabeleireiro unissexo de Portugal. Esta actividade não resulta muito bem e, para ganhar a vida, abre uma barbearia na Baixa lisboeta. Em 1978 grava uma maqueta com alguns temas, que apresenta à Valentim de Carvalho, com a qual assinará contrato. Na sua própria descrição a música que produz situa-se entre

Atenção: Concurso literário com prazo alargado!

A data limite para a o envio de contos para concurso  2º Concurso Literário do CLP/Camões em Lublin : “Uma palavra, um conto”  foi alterada para o dia 16 de dezembro de 2015. 

Estar fit está na moda

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 As pessoas dividem-se em dois grupos: os que comem só ‘alface’ e não conseguem emagrecer e os, afortunados, que comem o que querem e nunca ficam gordos. Que injustiça! Com certeza, pertenço aos primeiros, menos felizes. Estou segura que todos já conhecem o termo fit. Na pior das hipóteses, pelo menos, ouviram algo sobre este fenómeno. Estar fit, sem dúvida, está na moda. Silhueta fit, casal fit, dieta fit, fit selfie (feitas sempre antes e depois do treino), amigos fit, até calças fit, tudo isto está à mão. Mas o que na verdade, hoje em dia, significa a vida sã e como nos tentam enganar?  A própria filosofia da vida fit não é tão má. Há poucas pessoas que não tenham o passe para o ginásio, não façam nenhum exercício ou não treinem com as senhoras como Mel B, Chodakowska ou Lewandowska em frente do seu computador portátil. Exercício diário é imprescindível para estar em forma, mas quanto à dieta, aqui começam os problemas graves. Nas prateleiras só produtos fit: barras fit, caram

1º de dezembro: Restauração da Independência

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Os meus avós: uma história de amor

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Num dia de janeiro um homem alto, moreno e abastado, que era o meu avô conheceu uma rapariga baixa, com os olhos azuis e pobre - a minha avó. Eles apaixonaram-se rapidamente. Encontravam-se todos os dias. Infelizmente os pais do meu avô não aceitavam a namorada do seu filho. Os meus avós amavam-se loucamente, por isso decidiram casar-se. Não se importavam com a opinião dos seus pais. No dia 26 de novembro eles casaram-se. O seu casamento foi bastante original para aqueles tempos. De manhã eles saíram das suas casas para caminhar cinco quilómetros pelos campos até à igreja. Chegaram atrasados à missa que era celebrada por almas dos defuntos. Depois do padre anunciou e bendisse o casamento. Na igreja havia só oito pessoas. A minha avó vestida de saia e casaco mais escuro que claro e o meu avô com um fato velho juraram amar-se para sempre. Quando saíam da igreja o organista tocou a marcha nupcial. Como eles não organizaram a festa do casamento, este homem convidou-os para virem tom

FOTOGRAFIA - UMA ARTE?

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O que é uma fotografia? Conforme ao dicionário ,,a fotografia é a técnica de criação de imagens por meio de exposição luminosa". Para a maioria a fotografia do mesmo modo significa uma técnica de criação, mas há algum parte da população para quem é um meio de expressar todos os sentimentos e pensamentos. Esta arte permite exteriorizar a alma e o coração duma pessoa. O que é interessante, é que ninguém pode fazer a mesma fotografia que já foi feita.          Mas do início... A fotografia tem o seu começo no século XV quando se formou o primeiro protótipo da câmara fotográfica nomeada "câmara obscura". No século XIX o fotógrafo Joseph Nicéphore Niépce fez a primeira fotografia e depois Louis Jacques Daguerre apresentou a sua primeira fotografia na Academia de Ciências francesa. Estes acontecimentos iniciaram a técnica que hoje em dia é chamada fotografia.           Entre muitos, os meus fotógrafos preferidos e os quais vou apresentar são Zofia Rydet e Sebasti

Canções contadas: "Anda comigo ver os aviões"

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Outono. Espero que chegue o autocarro que nos levará de um terminal para outro. Ouço a canção dos Azeitonas “Anda Comigo Ver Os Aviões”. Chove, estão cerca de 5 graus, todos que estão na paragem estão enfastiados, com frio e cansados de esperar. Exceto uma pessoa. Uma mulher, quarentona, magra, com penteado desgrenhado e o telefone junto ao ouvido. Na sua atitude há algo artisticamente louco. Fala bastante alto com alguém em espanhol, mas ainda que falasse em voz baixa, todos poderíamos ouvir a conversa, porque simplesmente ninguém conversa. Fala espontaneamente, de forma rápida, mas claramente e acentuando cada frase. Fala sobre a viagem de trabalho, sobre o seu namorado, que continuamente lhe manda mensagens de texto e que tem muitas saudades dela, que estão muito bem, que em breve se vão ver, que estas viagens de trabalho são sempre cansativas, mas inevitáveis, e que desta vez também conseguiu fazer uma barganha, mas agora não pode mais, simplesmente está ansiosa para vê-lo, bei

Trocadilhos e jogos de palavras

Brincar com as palavras pode resultar nisto: acalmar:  mar calcário. alheia: aldeia em que se cultiva alho. amarelas:  pessoa que gosta muito de rãs. a miudar:  dar à luz uma  miúda. anáfora: expressão usada pela  mãe de qualquer Ana, quando a filha não está em casa. armário: estilo da moda no qual o mais importante é ter o mesmo ar que o Super Mário arrepio: voz de uma coruja que está zangada. biscoito: prazer a dobrar. cachorra: nome do lugar destinado para chorar. calcorrear: correr com o corpo coberto de cal. cantarolar : rolar, girar ou dar cambalhotas cantando alguma canção. chumbar: tipo de bar onde se bebe de maneira muito pesada. cigarro: carro de ciganos. coca-bichinhos: bichos que consomem cocaína. corpulento: pessoa que chega sempre atrasada. couve- flor : vaca americana que vê uma flor. doador: uma pessoa que partilha a sua dor com outras pessoas. enlear: atuar no teatro como Rei Lear. enriquecer: transformar-se em Henriqu

2º Concurso Literário do CLP/Camões em Lublin : “Uma palavra, um conto”

REGULAMENTO Introdução  A ideia de criar este concurso literário surgiu como forma de incentivar a criatividade literária entre os falantes não nativos de português, bem como o gosto pela escrita em português. Artigo 1.º  O Concurso Literário é aberto a falantes não nativos, excluindo assim cidadãos de nacionalidade portuguesa, e ainda cidadãos naturais de países de língua oficial portuguesa. O concurso é, entenda-se, aberto não só a residentes na Polónia.   Aos membros do júri é vedada a participação bem como aos seus familiares diretos.  Artigo 2.º O Concurso Literário destina-se a premiar trabalhos inéditos na modalidade de conto.  Artigo 3.º Cada concorrente poderá apresentar apenas um trabalho. Artigo 4.º Os trabalhos a apresentar serão subordinados às seguintes normas: a)   O texto obrigatoriamente redigido em língua portuguesa, original e inédito, deverá ter um mínimo de duas páginas e um máximo de seis páginas, com espaçamento duplo entre as linhas e tipo

A velhice...

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A nossa sociedade envelhece. É um facto que podemos observar já há algum tempo – há mais idosos do que crianças. Graças ao desenvolvimento da medicina a vida humana prolongou-se, somos mais resistentes às doenças, também a mortalidade dos recém-nascidos é menor do que no passado. „A velhice”. Para muitas pessoas soa como a sentença. Parece-nos o pior que pode acontecer na nossa vida. A velhice é porém uma etapa da vida extremamente importante. É a etapa que fecha o perfeito círculo da vida. É como o regresso ao início. Os idosos, ao fim da sua vida parecem voltar ao estado da criança – muitas vezes não conseguem realizar as atividades básicas sem assistência, são teimosos, não percebem as expressões mais simples. Até os seus corpos se tornam mais pequenos, mais delicados e sensíveis. Estes factos criam certa aparência, como que as pessoas de idade avançada verdadeiramente fossem imaturos e merecessem ser tratados como crianças ou (ainda pior) fossem ignoradas completamente. Pensam

A minha aventura polaca

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A minha aventura polaca começa nos primeiros dias de maio, havia greve de pilotos nessa semana em Portugal e a ansiedade tomava-me por completo. Na verdade, nem sabia se conseguiria embarcar. Por dois meses ia estar com estudantes da UMCS e do CLP Camões em Lublin, portanto a responsabilidade era grande. Para esta viagem, levava trinta quilos de bagagem. Tudo o que, por vezes, necessitamos (ou não). No comboio para Lublin, tive a minha primeira aventura polaca: carregar uma mala de vinte e três kg e pô-la num suporte especifico para as bagagens a quase dois metros do chão. Depois de muito sacrifício e tentativas em vão, dois amáveis rapazes perceberam a minha aflição e ajudaram-me. A partir daí, pensei: esta será uma grande aventura, sem duvida! Sem saber, a minha cabeça hispano-luso-brasileira estava a conviver também com o polaco, um idioma novo e completamente desconhecido para mim. Pôr a máquina de lavar roupa (em polaco), comprar os produtos no supermercado (em polaco),

Novo número já saiu!

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O número seis da Água Vai saiu hoje. Nesta edição: Contos: -“A tirania do Semsentido” de Kamila Wiśniewska -“Se o caso é chorar” de Serenna Cacchioli -“O regresso do rei” de Anna Krupa e Małgorzata Stankiewicz -“Amor em duas rodas” de Dominika Ładycka e Patrycja Cieśluk -“A mesa” de Małgorzata Koprowicz Música: -Entrevista com Kinga Rataj por Liliana Wajrak Desporto: -Futebol português e futebol polaco: diferenças por Maciej Durka -Entrevista com Adison Schneeweiss por Aleksandra Porębska Opinião: -Serviços académicos por Magda Jóźwik -Viajando pela vida? por Aleksandra Guz Ecologia: - Em socorro dos linces por Anna Krupa Brasil: - Afro-brasileiro: inspiração para a cultura nacional 1889-1930 por Agata Błoch - Brasileiros e Lublin: entrevista por Aleksandra Moskal - O gaúcho – um estado de espírito por Katarzyna Rejter Cinema: - Imagine, de Andrzej Jakimowski, 2012 por Martyna Jędrzejczyk Poesia: - Entrevista com Alexandre Soares por