"Até Amanhã, Meu Filho" de António Macheira


Se António Macheira fosse vivo faria hoje 81 anos. Por essa razão decidimos prestar-lhe homenagem no dia do seu aniversário. Uma homenagem que serve acima de tudo para dar a conhecer a obra de um talentoso escritor que desapareceu aos 23 anos de idade em 14 de dezembro de 1957. Natural de Olhão, ou melhor, filho de Olhão como orgulhosamente os olhanenses falam de si próprios, através da sua escrita dá-nos a conhecer não só a beleza da sua terra e do Algarve, o quotidiano de uma vila piscatória, mas acima de tudo a realidade nua e crua da pobreza e miséria em que viviam os pescadores e as suas famílias. Por isso a sua escrita tem uma enorme carga social e até política que lhe valeu alguns dissabores com o regime fascista de então. Nas palavras do seu irmão José Macheira, “António Macheira dedicou a sua vida aos problemas que afetam a humanidade. Tinha o desejo de criar uma sociedade mais justa entre os pescadores e contribuir para a sua promoção social em igualdade com os outros escalões da sociedade. Ao deixar-nos prematuramente perdeu a oportunidade de conhecer uma nova sociedade, esta em que vivemos, onde crianças e família têm a vida facilitada nas escolas, doenças e no trabalho. Contudo, esta mesma estrutura social (...) continua enferma faltando-lhe aquilo que o nosso autor apregoa – a humildade e o afeto.” 
 Olhão reconheceu o seu valor dando o seu nome a uma rua da cidade e à biblioteca da Escola Básica João da Rosa. Mas a verdadeira homenagem seria a divulgação da sua obra nas escolas e bibliotecas não só da região mas do país. Em Lublin começamos a fazê-lo este ano e embora para não sejam fáceis para um falante não nativo de português, os contos de António Macheira tocaram o coração dos alunos. O livro “Até amanhã, meu filho” onde estão compilados alguns dos seus contos e crónicas, foi publicado postumamente. Decidimos publicar o conto que dá o título ao livro e que foi traduzido para polaco pela turma do 3º ano de estudos portugueses.

Até amanhã, meu filho
A chavinha emperrou um pouco, mas o estalido, já tão conhecido, da lingueta a correr, fez-se ouvir. Conceição suspirou, satisfeita, enquanto a pequena porta de ferro forjado se abria lentamente. O vidro estava baço e as duas pequenas cortinas brancas pareciam húmidas e manchadas. A pequena lamparina apagara-se e um cheiro a azeite queimado veio-lhe às narinas juntamente com o odor subtil de duas rosas amarelas que murchavam na jarrinha de porcelana. A moldura de madeira polida também sofrera os efeitos da humidade eo rosto querido esfumava-se sob uma neblina cerrada. Conceição puxou por uma ponta do xaile e limpou tudo cuidadosamente até que o rosto voltou a sorrir, um sorriso eterno, feliz. Sofregamente, beijou o retrato. Mas lembrou-se de qualquer coisa e lamentou-se em voz baixa.
 – Ai, esta minha cabeça, Luís. Não faças caso. Boa tarde, meu filho. – Novamente limpou a moldura.
– Sabes? Ontem não pude vir por causa da chuva. Eu bem me importava, mas o teu pai...Ora! Estas molduras, Nossa Senhora! Custou-me quinze escudos, na feira do ano passado...Nunca dou com o jeito. Ah! Já está. Se me constipei da outra vez, tusso outra vez, e não saí disto (tu bem o conheces) e eu acabo por ficar em casa. A tal dor não há meio de passar. Vem daqui, mete-se pelas costas...Que disparate, Luís! Vá lá que ninguém olhou para mim. Depois, a noite sem dormir, um vendaval dos demónios; o teu pai a roncar e a acordar-me: ˝Isto é chuva, Conceição?˝ ˝– É sim, João; uma chuva igualzinha à da tal noite...˝. Agora estou estafada. O teu pai ficou em casa a dormir. Quem diria que hoje estaria um dia assim. Tal e qual como na outra vez...
Agarrou no pequeno frasco que estava a um canto, desarrolhou-o lentamente e, inclinando-o sobre o recipiente da lamparina, deixou correr o azeite que restava. Um novo pavio foi colocado e acendido. Conceição fez um pequeno sinal da cruz com o fósforo antes de o apagar. Os seus lábios continuavam num vaivém incessante, que poderia parecer uma oração. Mas não era.
– Tu não estás molhado, pois não? Aqui as cortinas estão encharcadas. O teu vizinho de cima é que deve apanhar mais humidade. Oxalá que se dêem bem. A Maria ainda fala deste luxo, a parva. Se calhar o meu filho haveria de ir pró chão e ser espezinhado! Somos pobres mas graças a Deus, o teu pai arranjou aquele negociozinho de peixe... –fez outro sinal da cruz com o fósforo apagando e jogou-o fora. Sorriu inconscientemente.
– Que linda tarde, Luís. E isto hoje está muito animado, graças a Deus. Olha, a mãe do Rafael chegou agora e trouxe-lhe um ramo de malmequeres. Não o tens visto, Luís? Vocês eram tão amigos... –suspirou– às vezes penso como a vida deve ser aborrecida para vocês aí em cima.
Duas velhotas magras, vestidas de negro, aproximaram-se de Conceição.
– Nosso Senhor te salve Çanita.
– Boa tarde, tia Adélia. E à sua mana também.
O olhar perscrutador da velha Adélia fixou-se no retrato grande.
– Que belo moço, o seu santinho! Todas as vezes que passamos por aqui, digo à Luísa:   ˝Veja lá, mana, aquele rapaz que morreu afogado. É mesmo igual ao da imagem de S. Sebastião, que temos em casa... ˝
Finalmente, as duas velhas afastaram-se e Conceição bateu com uma mão na testa.
– O jantar! – e duas lágrimas correram-lhe pelo rosto envelhecido.
– Daqui a pouco é noite. Arroz com ervilhas, lembras-te? O teu prato preferido. Agora já não o faço no tacho azul, mas, sim, no pequeno.
As lágrimas corriam-lhe. – Sou uma parva, Luís. A chorar por uma coisa destas.
Enxugou os olhos com o lenço branco. Parecia mais aliviada. Meteu o pequeno frasco numa algibeira da saia. E, empurrando brandamente a portinha de ferro, que gemeu de mansinho. Conceição disse, em voz baixa:
– Até amanhã meu filho.

Até amanhã, meu filho- Contos e Narrativas de António Macheira
Algarve em Foco Editora, 2ª edição aumentada, 1998

Do jutra, synku
 Kluczyk lekko się zaciął, jednak zamek wydał dobrze już znany dźwięk. Conceição westchnęła z zadowoleniem, gdy małe żelazne drzwi powoli się otwierały. Szkło było zaparowane, a dwie białe zasłonki jakby wilgotne i poplamione. Lampka oliwna zgasła, a jej zapach zmieszany z subtelna wonią więdnących w porcelanowym wazoniku dwóch żółtych róż podrażnił jej nozdrza. Na ramce z polerowanego drewna również były widoczne skutki wilgoci i ukochana twarz zanikała pokryta gęstą mgłą. Coiceição pociągnęła za koniec swojego szala i starannie wytarła wszystko, aż twarz znów się uśmiechała, uśmiechem wiecznym, szczęśliwym. Czule ucałowała zdjęcie. Lecz przypomniała sobie o czymś i poskarżyła się cicho.
- Ach, ta moja głowa, Luís. Nie zwracaj uwagi. Dzień dobry, synku. – Przetarła ponownie ramkę.
- Wiesz, wczoraj nie mogłam przyjść z powodu deszczu. Bardzo mi zależało, ale twój ojciec… Oj tam. Te ramki, Matko Boska! Kosztowała mnie piętnaście escudo na zeszłorocznym jarmarku. Nigdy nie trafiam! O, już jest. Znowu się przeziębiłam, znowu mam kaszel i ciągle to samo (dobrze wiesz, o co chodzi) i koniec końców zostaję w domu. Nie ma rady na ten ból. Wychodzi stąd i przechodzi przez całe plecy. Co za głupota, Luís. Dobrze, że nikt mnie nie widział. Później bezsenna noc, piekielna wichura, twój chrapiący ojciec budził mnie: „czy to deszcz, Conceição?”. „- Tak, João, deszcz, taki samiutki jak tamtej nocy…”. Teraz jestem wyczerpana. Twój ojciec został w domu i śpi. Kto by powiedział, że dziś będzie taki dzień. Dokładnie taki jak wtedy...
Sięgnęła po mały słoiczek stojący w rogu, odkręciła powoli zakrętkę i pochylając go nad pojemniczkiem, pozwoliła spłynąć reszcie oliwy. Następnie włożyła nowy knot i zapaliła lampę. Conceição zrobiła mały znak krzyża z zapałką w ręku, zanim ją zgasiła. Nieustanie poruszała ustami, zupełnie jakby odmawiała modlitwę, ale nie odmawiała.
- Nie zmokłeś, prawda? Zasłonki są przemoczone. Twój sąsiad na górze to dopiero ma wilgoć[1]. Obyście się dogadywali. Maria wciąż gada o tym luksusie, głupia. Pomyśleć, że mój syn miałby leżeć w ziemi, żeby go deptali. Jesteśmy biedni, ale dzięki Bogu twój ojciec rozkręcił ten interes z rybami… – zrobiła jeszcze jeden znak krzyża zgaszoną zapałką i ją wyrzuciła. Uśmiechnęła się nieświadomie.
- Cóż za piękne popołudnie, Luís. Ale dzisiaj duży ruch, dzięki Bogu. Słuchaj, matka Rafaela przed chwilą przyszła i przyniosła mu bukiet nagietków. Widziałeś go ostatnio, Luís? Byliście takimi przyjaciółmi… – westchnęła – czasem sobie myślę, jak nudne musi być życie dla was tam, na górze.
Dwie starsze szczupłe kobiety ubrane na czarno podeszły do Conceição.
- Niech Bóg Cię błogosławi, Çanita.
- Dzień dobry pani, Adelito, i pani siostrze również.
Wnikliwe spojrzenie leciwej Adeli spoczęło na podobiźnie zmarłego.
- Cóż za piękny chłopiec, ten twój aniołek! Zawsze, gdy tędy przechodzimy, mówię Luizie: spójrz no tylko, siostro, to ten młodzieniec, który się utopił. Wypisz, wymaluj S. Sebastião, którego figurkę mamy w domu.
Kiedy w końcu obie kobiety oddaliły się, Conceição złapała się za głowę.
- Kolacja! i dwie łzy spłynęły jej po pomarszczonej twarzy. - Niedługo zapadnie noc. Ryż z zielonym groszkiem, pamiętasz? Twoje ulubione danie. Teraz już go nie robię w niebieskim garnku, tylko w tym małym.
Spływały kolejne łzy. - Ale jestem głupia, Luís. Płakać z takiego powodu. Białą chusteczką wytarła oczy. Wyglądała jakby jej ulżyło. Włożyła mały słoiczek w kieszeń spódnicy. Popychając delikatnie żelazne drzwiczki, które łagodnie zaskrzypiały, Conceição powiedziała cichutko:
- Do jutra, synku.

Tłumaczenie
III rok portugalistyki UMCS: Anna Tylec, Bartosz Suchecki, Ewa Kobyłka, Ewa Szafrańska, Ewa Tomaszewska, Katarzyna Frąszczak, Katarzyna Janowska, Katarzyna Rejter, Łukasz Gomoła, Olena Boczkowska i Zuzanna Michalska


[1] W Portugalii trumny na cmentarzach są zarówno przytwierdzane piętrowo do ścian, jak też, zgodnie z polskim zwyczajem, zakopywane w ziemi.

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