Apuramento
Foi pedido aos alunos que pensassem numa palavra e a
escrevessem num papel. Depois, e para surpresa deles, tiveram de escrever um
texto a partir dessa palavra. O Radek, amante de desporto em geral e de futebol
em particular, escolheu…
APURAMENTO
Porto, 19 de abril de 2023
Apuramento. Esta palavra soa em todos os lugares pelos quais eu passo no Porto. Obviamente, os portistas acham que vão ganhar. Hoje, nos quartos de final da Liga dos Campeões jogamos contra o Porto, então a vitória é exigida mais do que normalmente. Jogo no Benfica, mas tenho muito respeito pelo Porto. Mas os adeptos... Sim, eles não têm muito respeito por si, os jogos entre nós e o Porto estão sempre carregados de emoções (às vezes muito negativas). Os últimos dias são um bocadinho difíceis porque a 7 de abril perdemos contra o Porto na liga e a situação complicou-se um pouco. Além disso, o primeiro jogo contra eles em Lisboa na Liga dos Campeões terminou num empate 0:0. Contudo, o ambiente continua a ser bastante bom. Os benfiquistas param-me nas ruas, desejam bom jogo.
Estou muito feliz que estou mesmo no Benfica. Nunca pensei que As Águias procurassem jogadores até no Górnik Łęczna. Sim, felizmente procuram. Jogar no Benfica já é um sucesso, no entanto, eu cheguei aqui para ganhar troféus e fazer parte muito importante do plantel, não para ser só jogador e ganhar dinheiro sentado no banco (simplesmente por nada). O Benfica foi fundado no dia 28 de fevereiro, eu nasci no mesmo dia. Estamos destinados a ficar juntos.
Ao entrar no campo do Estádio do Dragão, ouço muitos palavrões dirigidos à minha família. Tenho de agradecer aos portistas porque me motivam para jogar melhor, mais forte, com mais coragem. Quando nos cumprimentamos o Otávio chama-me babaca. Sorrio para ele e vou aquecer com os meus colegas. Estou a ver que o Gonçalo Ramos não está muito confiante. Isto preocupa-me porque o Gonçalo é o meu melhor amigo na equipa e, afinal, lutamos pela nossa felicidade, para ganhar mais e melhorar as vidas das nossas famílias.
— Gonçalo, o que se passa? — pergunto.
— Nada, só o pé direito dói-me muito.
— Vai correr tudo bem — digo.
Eu acredito no que eu digo. O pé dominante do Gonçalo é o direito, mas remata de pé esquerdo com a força não muito mais fraca do que ele remataria com o pé direito.
O jogo é disputado num ritmo implacável. Ambas as equipas jogam incrivelmente, ninguém pensa em defender. Odysseas e Diogo Costa gritam aos defesas e laterais, mas defendem todos os remates. Vamos para o balneário. Até agora empatamos 0:0. O treinador Schmidt está muito calmo, aponta os erros que cometemos na defesa. Nenhum dos jogadores fala, todos estamos em estado alfa.
A segunda parte é muito parecida com a primeira. Vlachodimos está quase a perder a voz. Está muito zangado com a jogada de António Silva, que quase marcou um autogolo.
— Acalma-te! — digo ao Vlachodimos.
António tem 19 anos e não precisa deste tipo de reprimenda. O Porto executa um canto, mas contra-atacamos. No lado direito do campo, perto da grande área, Marcano empurra João Mário e temos o pontapé livre. Que fixe, penso. Pego na bola e preparo-me para rematar. Estou calmo porque os livres são o meu forte. Apresso-me e chuto. Golo! A bola entrou mesmo no canto superior direito. Olho para o ecrã gigante. Faltam 15 minutos para passar às semifinais. O Porto fica muito zangado. Ótimo, a raiva deles é tudo o que precisamos. Estão com pressa, fazem muitos erros, mas aos 93 minutos cometem um erro imperdoável. Marcam um canto, e Diogo Costa entra na nossa grande área. Toda a gente no estádio sente, o que vai acontecer em breve. Grimaldo chuta para fora, e lançamos o contra-ataque. Gonçalo Guedes está a correr com a bola e tudo o que ele tem à sua frente é a baliza deserta dos "Dragões". Remata sem esforço fora da grande área para o canto inferior direito.
Porto, 19 de abril de 2023
Apuramento. Esta palavra soa em todos os lugares pelos quais eu passo no Porto. Obviamente, os portistas acham que vão ganhar. Hoje, nos quartos de final da Liga dos Campeões jogamos contra o Porto, então a vitória é exigida mais do que normalmente. Jogo no Benfica, mas tenho muito respeito pelo Porto. Mas os adeptos... Sim, eles não têm muito respeito por si, os jogos entre nós e o Porto estão sempre carregados de emoções (às vezes muito negativas). Os últimos dias são um bocadinho difíceis porque a 7 de abril perdemos contra o Porto na liga e a situação complicou-se um pouco. Além disso, o primeiro jogo contra eles em Lisboa na Liga dos Campeões terminou num empate 0:0. Contudo, o ambiente continua a ser bastante bom. Os benfiquistas param-me nas ruas, desejam bom jogo.
Estou muito feliz que estou mesmo no Benfica. Nunca pensei que As Águias procurassem jogadores até no Górnik Łęczna. Sim, felizmente procuram. Jogar no Benfica já é um sucesso, no entanto, eu cheguei aqui para ganhar troféus e fazer parte muito importante do plantel, não para ser só jogador e ganhar dinheiro sentado no banco (simplesmente por nada). O Benfica foi fundado no dia 28 de fevereiro, eu nasci no mesmo dia. Estamos destinados a ficar juntos.
Ao entrar no campo do Estádio do Dragão, ouço muitos palavrões dirigidos à minha família. Tenho de agradecer aos portistas porque me motivam para jogar melhor, mais forte, com mais coragem. Quando nos cumprimentamos o Otávio chama-me babaca. Sorrio para ele e vou aquecer com os meus colegas. Estou a ver que o Gonçalo Ramos não está muito confiante. Isto preocupa-me porque o Gonçalo é o meu melhor amigo na equipa e, afinal, lutamos pela nossa felicidade, para ganhar mais e melhorar as vidas das nossas famílias.
— Gonçalo, o que se passa? — pergunto.
— Nada, só o pé direito dói-me muito.
— Vai correr tudo bem — digo.
Eu acredito no que eu digo. O pé dominante do Gonçalo é o direito, mas remata de pé esquerdo com a força não muito mais fraca do que ele remataria com o pé direito.
O jogo é disputado num ritmo implacável. Ambas as equipas jogam incrivelmente, ninguém pensa em defender. Odysseas e Diogo Costa gritam aos defesas e laterais, mas defendem todos os remates. Vamos para o balneário. Até agora empatamos 0:0. O treinador Schmidt está muito calmo, aponta os erros que cometemos na defesa. Nenhum dos jogadores fala, todos estamos em estado alfa.
A segunda parte é muito parecida com a primeira. Vlachodimos está quase a perder a voz. Está muito zangado com a jogada de António Silva, que quase marcou um autogolo.
— Acalma-te! — digo ao Vlachodimos.
António tem 19 anos e não precisa deste tipo de reprimenda. O Porto executa um canto, mas contra-atacamos. No lado direito do campo, perto da grande área, Marcano empurra João Mário e temos o pontapé livre. Que fixe, penso. Pego na bola e preparo-me para rematar. Estou calmo porque os livres são o meu forte. Apresso-me e chuto. Golo! A bola entrou mesmo no canto superior direito. Olho para o ecrã gigante. Faltam 15 minutos para passar às semifinais. O Porto fica muito zangado. Ótimo, a raiva deles é tudo o que precisamos. Estão com pressa, fazem muitos erros, mas aos 93 minutos cometem um erro imperdoável. Marcam um canto, e Diogo Costa entra na nossa grande área. Toda a gente no estádio sente, o que vai acontecer em breve. Grimaldo chuta para fora, e lançamos o contra-ataque. Gonçalo Guedes está a correr com a bola e tudo o que ele tem à sua frente é a baliza deserta dos "Dragões". Remata sem esforço fora da grande área para o canto inferior direito.
O árbitro Carlos del Certo
apita o final. Suspiramos de alívio. Estamos exaustos mas felizes. Este dia é
um dos melhores na minha vida. Abraçamo-nos junto à baliza do Porto. O
apuramento tem a cor vermelha.
Radosław Wójcik
2º ano de Português
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