De tudo e de nada – sobre a aldeia portuguesa


Além do Portugal que todos conhecem, famoso pelos vinhos, o fado, a saudade e o melhor bacalhau do mundo, há recantos na sua geografia interior que vale a pena ver. Todos conhecem grandes metrópoles como Lisboa ou Porto nas quais para a maioria das pessoas com certeza os pontos mais essenciais são os centros comerciais, mas ninguém sabe que Portugal tem as paisagens rurais mais maravilhosas do mundo. Quando dizemos Portugal a primeira coisa que nos vem à cabeça é Lisboa, Porto, vinho, bacalhau – mas quase nunca pensamos nas aldeias portuguesas que são muito mais interessantes do que as cidades cheias de pó e gases de combustão.
  Por que tão pouca gente visita as pequenas localidades, os lugares mais tranquilos do mundo? A resposta é muito fácil. Todos procuram a comodidade, hoje em dia todos somos comodistas e na verdade ninguém quer viver nem sequer um dia nas condições que dominam no campo. É muito triste, porque não nos damos conta de que precisamente ali começou a nação portuguesa. As aldeias deram origem a tudo o que hoje em dia existe. Infelizmente só algumas pessoas respeitam a importância destes sítios.
  Como mencionei antes pouca gente conhece a cultura rural que existe em Portugal e por isso acho que se deveria falar mais dos lugares ainda não descobertos pela humanidade, que na verdade podem ser interessantes para muita gente. Dou-me conta de que há poucas pessoas que gostam da natureza, do contato com o mundo profundo mas com certeza há pessoas que adoram os sítios onde se pode esquecer de tudo. As aldeias portuguesas podem levar-nos a locais de sonho, onde ao lazer, à tranquilidade e ao bem-estar se acrescenta a possibilidade de fruição do país mais profundo e autêntico. O contato com a natureza, com as populações e os modos de viver rurais, com as delícias gastronómicas e o artesanato estes lugares constituem o paraíso tanto para a alma como para o estômago. Como sabemos o pais do Camões é um dos países em que se come de maneira mais saudável e deliciosa, e foi precisamente no campo que se criaram as primeiras delícias sem que hoje em dia não se pode sobreviver. Os camponeses faziam e continuam fazendo os doces e pratos mais deliciosos do mundo.
  As aldeias envolvidas pelas paisagens idílicas preservam também tradições expressas na sua arquitetura, na sua gente, na cultura. Um dos elementos mais importantes são as festas tradicionais e as romarias que com certeza fazem parte considerável da prática da religião católica que é a religião dominante. Como sabemos os habitantes das aldeias são mais crentes do que as pessoas que vivem nas cidades, por isso nos campos apresenta-se a preservação das tradições católicas mais profundas. Então, a visita a uma aldeia é uma oportunidade para desfrutar, não só de um ambiente sereno, mas também da cultura e da vida quotidiana do mundo camponês.
  Na imagem da aldeia portuguesa hoje em dia predominam as rugas e cabelos brancos, os sorrisos que mostram poucos dentes, os passos lentos, as viúvas vestidas de preto. Por que os jovens não querem viver no campo? Por que razão preferem a vida mais ocupada, cheia de barulho e incolor? Certamente não têm tanta coragem para experimentar viver por sua conta. Nos nossos tempos todos tentam facilitar a vida e nada mais. Ninguém se sente tão decidido para continuar o que começaram os nossos avós. É na verdade muito deprimente, dentro de pouco as aldeias serão completamente abandonadas, sem nenhuma alma na rua.
Neste momento só uma pergunta me vem à cabeça, se todos fossemos habitantes das grandes cidades, o que se passaria com os campos, com a terra que é a melhor amiga do homem?

Monika Lisik

NR: Na imagem, a Igreja Matriz de Querença, bonita aldeia do concelho de Loulé. 

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