Uma dominicana-ucraniana que mora na Polónia porque quer estudar espanhol e português
Caros leitores, neste artigo
eu queria contar-lhes um pouco sobre mim. Eu sei que não há muitas pessoas que
gostem de ler autobiografias de pessoas não famosas, mas eu penso que vocês (os
leitores que têm a vida parecida à minha) vão ler e pensar em vocês próprios.
Chamo-me Elina Valentina
Toyos Kozub. Sim, tenho dois nomes e dois sobrenomes, sobre isso vou falar-lhes
um pouco mais tarde. Eu nasci a 3 de setembro de 1998 em Santo Domingo, que é a capital da República Dominicana. Sou estudante
do 2º ano na universidade Maria Curie Skłodowska em Lublin, Polónia. O meu pai, Cotubanama Andres Toyos
Grillo é espanhol e agora mora na Republica Dominicana, é professor
de biofísica na universidade UNIREMHOS (Universidade Eugenio Mari de Hostos)
e a minha mãe, Elina Anatolievna de Toyos mora na Ucrânia e é professora de
bioquímica, mas agora ela trabalha como professora de espanhol e inglês com crianças pequenas. Tenho um irmão mais velho, Andres
Anatolii, que vive na Polónia com a sua mulher Valentina que é moldava. Eles trabalham na IBM. Têm um filho de quatro
anos e uma filha de nove meses. A minha família é internacional, se vocês se interessaram pelos nossos
nomes pois a minha avó é Valentina, a mulher do meu irmão é Valentina e eu
também sou Valentina, o meu avô é Anatolii e o meu irmão também é Anatolii, é um pouco divertido, mas em geral na
República Dominicana há uma tradição que os filhas têm de ter o primeiro nome
da mãe e o segundo da avó, e se é um filho, o primeiro nome é o do pai e o
segundo é do avô, e sobre os sobrenomes, o primeiro é do pai e o segundo é da
mãe. Espero que vocês tenham compreendido.
Eu nasci e morei na República
Dominicana. No princípio durante três anos eu
andei no jardim-de-infância, depois fui com a minha mãe para Ucrânia, Ialta, Crimeia,
ali terminei o jardim da infância e fui para a escola primária, também aprendia
piano na escola de música e dançava ballet, mas eu não terminei o 3º ano e
voltei para a República Dominicana. Ali eu fui para a escola sem lembrar-me do
espanhol, mais tudo correu muito bem, eu conheci muitas pessoas, o meu tio dava-me
aulas de piano e eu passei a andar na escola de dança´´Alina Abreo´´. Não foi só
ballet mas também jazz, hip-hop e flamenco. Fiz natação, eu gosto muito de água,
mas tenho sempre medo de afogar-me. Participei em muitas competições e ganhei
muitos prémios.
Depois de quatro anos voltei para Ialta outra vez. Frequentei a mesma escola
com os meus amigos, voltei para as danças mas já não fiz natação, porque não
tinha tempo. Estudei até ao 10º ano e não terminei a escola secundária em Ialta
porque houve um problema com a Rússia, eu penso que todos sabem do que estou a
falar. Não quis ficar lá e por isso fui com a minha mãe para Poltava (é uma cidade no centro da Ucrânia). Outra escola, outros amigos, outra vida. Foi um pouco difícil
porque já tinha de estudar numa escola ucraniana e tudo foi em ucraniano. Conclui
o secundário e tinha de pensar em alguma universidade para continuar a estudar.
Eu não quis esquecer a minha língua materna (espanhol) e pensei em estudar filologia.
Gosto muito de estudar línguas diferentes, falo sete línguas: ucraniano, russo,
polaco, espanhol, português, inglês e um pouco de francês. Decidi estudar
filologia ibérica mas infelizmente na Ucrânia não há este curso e decidi
estudar na Polónia. Agora estou aqui em Lublin, o meu irmão mora em Wroclaw, estamos
a 8 horas de comboio, não é assim tão longe;) Como já disse, estudo na UMCS e tenho
amigos muitos bons e professores estupendos aqui. Eu estou muito contente de ter
tomado esta decisão, mas a verdade é que eu sou a mais nova de todos e somos
como uma família pequena e eu gosto imenso disso.
Por agora isto é tudo. Eu espero que vocês não tenham tido uma vida tão
complicada como eu. Mas não posso dizer que foi muito complicada, foi muito
interessante, conheci tanta gente, culturas e tradições diferentes, gostei
imenso disso. Não estou no meu país há 9 anos e tenho muitas saudades da minha família
e dos meus amigos, mas agora eu tenho muitos amigos que são a minha família
também. Eu percebi uma coisa, temos de viver o dia de hoje não sabemos o que
nos acontecerá amanhã e temos de desfrutar cada segundo com a nossa família e amigos.
Elina Toyos
2º ano de Filologia Ibérica
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