A maldade das crianças
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Todos, pensando nas crianças, temos uma
imagem das criaturas fofas e inocentes. Nada mais errado! Estes monstros podem
deixar marcas para toda a nossa vida.
Na escola primária quase
toda a minha turma ria-se de um colega que tem um pequeno atraso mental e
chamavam-lhe “pinguim” porque andava desta forma. Tudo que ele fazia era
criticado e os rapazes frequentemente empurravam ou batiam-no, mas ele nunca se
defendeu porque não sabia como. Ele não merecia este tratamento, era o rapaz
muito modesto, bem-educado e de grande coração. O problema nunca desapareceu.
Mesmo na escola secundária, quando já estava numa outra turma, todos se riam
dele. Com o passar dos anos algo mudou no seu comportamento, tornou-se mais
agressivo e chegou ao ápice da sua agressividade na universidade. Lá, outra
vez, todos se riam dele e ele não aguentou. Fez uma lista com os nomes dos que
se riam e disse que tinha uma faca e ia matá-los um por um. Uma das
“escolhidas” chamou a polícia e o “Pinguim” foi internado num hospital
psiquiátrico.
Quando andava no primeiro
ano da escola primária já sabia ler perfeitamente e adorava fazê-lo. Uma vez,
durante as aulas, a nossa professora fez um concurso de leitura e escolheu três
pessoas como participantes. O júri era o resto da turma e tinham duas placas:
vermelha e verde. Se gostassem da leitura tinham de levantar a placa verde, se
não, a vermelha. Eu li o texto todo sem hesitação e quando terminei a
professora disse que li muito bem, mas deveria reparar nas vírgulas, pontos, exclamações
etc. (nunca fui muito expressiva...) E o que fizeram os meus queridos colegas?
Depois de ouvir o que ela disse TODOS levantaram a placa vermelha, estúpidos
traidores. Eles, que apenas sabiam aglutinar cinco letras numa mesma palavra,
acharam que eu não tinha lido bem. Fiquei dececionada e triste. A professora
não concordou com eles e declarou-me a vencedora do concurso porque ninguém tinha
lido melhor do que eu. Substituiu todas as placas vermelhas por verdes. Ganhei,
ótimo, mas naquele dia terminou a minha paixão pela leitura, agora detesto ler.
Claro, agora não me preocuparia tanto, provavelmente gozaria com eles, porque
eram eles que não sabiam ler. Naquele tempo era muito sensível e este
acontecimento deixou a marca na minha vida.
Normalmente a nossa
autoestima vêm da nossa infância, há muitas pessoas que na escola foram
perseguidas e sentem medo de ser o objeto das brincadeiras. Conheço muitas
pessoas que tiveram as asas cortadas, não só pelos colegas mas também pelos
pais. Se uma criança quer experimentar alguma coisa, por exemplo dançar ou
cantar, porque alguns pais não permitem fazê-lo? Os meus ajudaram-me a cumprir
os meus caprichos e inscreveram-me nas aulas de dança, natação, vários deportos
ou até jornalismo mas não deu em nada, nasci como uma malandra e assim vou
ficar, mesmo assim agradeço o esforço deles. Outras pessoas não tiveram tanta
sorte, têm algum talento mas têm medo de revelá-lo porque alguém na infância lhes
disse: “não é para ti, não és capaz de fazê-lo”.
Tudo depende dos pais, são
eles que têm de criar os filhos para que sejam boas pessoas. Se todos fossem bem-educados
não existiam os maus-tratos nas escolas. É preciso ensinar as crianças que
todas as pessoas merecem o nosso respeito e que, às vezes, as brincadeiras
inocentes podem ter influência para toda a vida. E também os pais deviam tomar
em conta o que dizem para não magoar os seus filhos.
Kinga Starczyk
3º ano de Estudos Portugueses
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