Mascarada


 

Não há muitas situações que me façam ter medo e ter o suor escorrendo em hectolitros nas minhas costas. Mas há uma, em particular, que me dá um micro infarto.

Telemóvel, carteira, chaves... bolas, a máscara! E tenho de correr de volta para casa como Usain Bolt para o recorde mundial porque sei que se entro no autocarro sem cobertura facial é como se entrasse praticamente nua. Escândalo para as primeiras páginas dos jornais. A falta de uma máscara no meu rosto resulta em olhar crítico dos outros passageiros, o que me faz sentir como o maior criminoso procurado pela Interpol. Arrependo-me de não ter levado comigo esta peça da roupa mais importante dos últimos meses. No final, torno-me um objeto de comentários furtivos e de suspiros profundos. E o pior de tudo, o olhar assassino dos companheiros de viagem comparável ao dos ninjas japoneses que exprimem o seu desdém. Se pudessem, matar-me-iam imediatamente com os seus olhos....

No entanto, após muita observação, cheguei à conclusão de que não há uma forma particular de usar uma máscara. Algumas pessoas usam-nas sempre e como recomendado, outras vestem-nas de maneira simbólica, outras ainda não as têm.

Há muitas maneiras de apresentá-las. Uma delas é usar a máscara colocada no queixo. Cobre, mas não cobre. Na verdade, não é claro para que serve. A outra é usar a máscara apenas com o nariz de fora. Ou seja, faz tanto sentido como usar roupa interior apenas até meio da coxa. O último e mais extremo método é usar a máscara praticamente em cima da cabeça.

Parece ser mais chique, porque as pessoas usam máscaras de diferentes cores, padrões ou materiais, mas o rigor é um pouco menor. Há cada vez mais pessoas que só cobrem o queixo ou a boca. Talvez então tenha chegado à moda do coronavírus um momento de colocar máscaras nas nádegas?

Dorota Goździk
2º ano de mestrado em Inglês-Português


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