O DISCO QUE MUDOU PORTUGAL


  Na capa do single „Chico Fininho” de 1980 pode-se ver um jovem magro e bigodado, com óculos estilo aviador, uma guitarra pendurada no ombro, a mão com relógio de pulso colocada na anca, um ar despreocupado, em frente dele – o microfone. O jovem – Rui Manuel Gaudêncio Veloso – em 2010 celebrou 30 anos de carreira no palco; a canção sobre o „freak da Cantareira” abriu-lhe a porta ao grande sucesso que dura até hoje.
  O grande Rui Veloso tinha a mesma idade que eu agora, quando gravou o disco que iria revolucionar a música portuguesa: „Ar de Rock” (1980). Foi em 1976 que Veloso iniciou uma amizade e, ao mesmo tempo, colaboração com outro jovem com gostos musicais parecidos aos seus, Carlos Alberto Gomes Monteiro, conhecido como Carlos Tê. No princípio os dois amigos trabalhavam com músicas em inglês, mas a editora, interessada em assinar contrato com eles, exigia que escrevessem e cantassem em português. Tê escreveu as melhores letras que se podia sequer sonhar, histórias e retratos que permaneciam na memória. Deu a vida a personagens simbólicos como o já mencionado „Chico Fininho” ou o seu equivalente feminino – a „Rapariguinha do shopping”.
   O sucesso foi imediato. Na rádio, ouvia-se, noite e dia, as composições daquele dueto de sonho que foram Tê e Veloso. Abriram caminho para outros grupos da música rock (UHF, Taxi, Salada de Frutas, Jáfumega, Trabalhadores do Comércio, Street Kids ou GNR entre outros) que naquela altura começaram  a ter editoras e um público grande e entusiasmado, disposto a pagar pelos discos e espectáculos. Quer se queira, quer não, Rui Veloso é chamado o „pai do rock português”, o homem que iniciou todo o „boom”. Ele próprio diz que foi "uma sucessão de eventos que conduziram a uma feliz conclusão", confirmando assim a teoria que apesar do talento deve-se também ter um bocadinho de sorte. Ele tinha tudo: jeito para a guitarra, uma voz brilhante, o melhor letrista de Portugal e grande amigo numa só pessoa, e aquele indispensável sorriso da fortuna. Bastou para 30 anos e ainda não se esgotou, somente mudou um pouco.
   Rui Veloso tem hoje 53 anos, (http://www.youtube.com/watch?v=uZ11OprsXyY)envelheceu e engordou, trocou os óculos por lentes de contacto, cortou o bigode e perdeu o melhor da sua voz; o que não o impede de ser uma das figuras mais importantes da música popular, um verdadeiro tesouro nacional. A sua importância fica bem refletida no fato de que na "Enciclopédia da Música Portuguesa" o artigo sobre ele ocupa o segundo espaço, mais páginas ocupa só Amália Rodrigues. Recentemente abriu a sua própria editora e é, com certeza, o principal ponto de referência para jovens músicos do país.


Chico Fininho
(Letra e música: Carlos Tê)
Gingando pela rua
Ao som do Lou Reed
Sempre na sua
Sempre cheio de speed
Segue o seu caminho
Com merda* na algibeira
O chico fininho
O freak da Cantareira**
Chico fininho
Uuuuuuh uuuuuuh
Aos sss pela rua acima
Depois de mais um shoot nas retretes
Curtindo uma trip de heroína
Sapato bicudo e joanetes
A noite vem já e mal atina
Ele é o maior da cantareira
Patchuli borbulhas e brilhantina
Cólica escorbuto e caganeira
Chico fininho
Uuuuuuh uuuuuuh
Sempre a domar a cena
Fareja a judite em cada esquina
A vida só tem um problema
O ácido com muita estricnina
Da Cantareira á Baixa
Da Baixa á Cantareira
Conhece os flipados
Todos de ginjeira
Chico fininho
Uuuuuuh uuuuuuh


* merda – neste caso, sinónimo de droga

** Cantareira – antiga zona portuária da cidade do Porto. Local onde se encontra a única travessia de barco para Vila Nova de Gaia, mais precisamente para a Afurada. Constituía uma escala frequente nos passeios habituais de Carlos Tê ao longo da zona ribeirinha.


Chudziutki Franek
(Tekst i muzyka: Carlos Tê)
Bujając się ulicą
Przy dźwięku Lou Reeda
Nic go nie obchodzi
Zawsze na pełnym speedzie
Podąża swoją drogą
Z działką gówna* w kieszeni
Chudziutki Franek
Ten freak z Cantareiry**
Chudziutki Franek
Uuuuuuh uuuuuuh
Zygzakiem ulicą pod górę
Po jeszcze jednym strzale w toalecie
Korzystając z tripu po heroinie
Koślawy paluch i buty ze szpicem
Idzie już noc, więc ledwo trafia
On jest największy z całej Cantareiry
Paczuli, pryszcze i brylantyna
Kolka, szkorbut i sraczka
Chudziutki Franek
Uuuuuuh uuuuuuh
Zawsze rozkminia o co chodzi
Wyczuwa tajniaka na każdym rogu
W życiu ma tylko jeden problem
Kwas z dużą zawartością strychniny
Od Cantareiry do Baixy
Od Baixy do Cantareiry
Zna się jak łyse konie
Z każdym popaprańcem
Chudziutki Franek
Uuuuuuh uuuuuuh


* gówno – w tym przypadku, synonim narkotyku

** Cantareira – dawna strefa portowa w Porto. Miejsce, gdzie znajduje się jedyna przeprawa statkiem do Vila Nova de Gaia, dokładnie do Afurada. Stanowiła częsty punkt w codziennych spacerach Carlosa Tê wzdłuż nabrzeża.

Maciej Chojnowski

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