Portugueses na Ekstraklasa 2013/2014


Desde há dois anos que a Ekstraklasa (a primeira divisão polaca) é uma liga muito agradável para os jogadores portugueses. Ainda há três anos atrás era difícil encontrar algum português na nossa liga. Mas eles mudaram as suas preferências. Antes jogavam no Chipre ou na Roménia, porém, com a chegada da crise económica, naqueles países começou a faltar de dinheiro e – o que é curioso – afinal o dinheiro está na Polónia. Algo que há alguns anos atrás parecia incrível.
Hoje há nove portugueses na liga polaca. Uns são estrelas, que superam futebolisticamente a maioria dos competidores, outros são fracassos que não provaram o seu nível. A este primeiro grupo pertence, sem dúvidas, Marco Paixão, 29 anos. O avançado do Śląsk Wrocław que não pára de marcar golos e não importa se o Śląsk está a jogar bem ou mal. Ele marca sempre. Há pouco tempo incorporou-se à equipa de Wrocław o irmão gémeo do Marco, Flávio, mas parece que não é tão bom jogador. O Marco é um grande jogador na Polónia. Mas ele não entende que a liga polaca é muito fraca e encontra-se na terceira ou quarta divisão europeia. Numa entrevista ao portal weszlo.com, Paixão disse: „Eu sou jogador completo. Sei marcar, passar, acelerar, driblar. Quero ganhar o campeonato e ser considerado um jogador do nível europeu”. A sua segurança em si mesmo não tem fronteiras: ”Tenho a certeza absoluta de que vou jogar na seleção.” – disse em setembro do ano passado. Depois de Paulo Bento ter anunciado a lista para o mundial, o Marco disse que estava desencantado. Talvez Bento nem soubesse que Paixão existe. Mas ele tem uma opinião exagerada não só sobre si mesmo, mas também sobre a Ekstraklasa: „Para mim, a vossa liga em três ou quatro anos vai ser uma das melhores na Europa”. Será que ele se dá conta do que disse? „Se tivesse 24 anos o Śląsk podia vender-me por milhões, mas enquanto mostro em campo quanto valho, a idade não vai ser um problema.” – este tipo vive num mundo que não existe - é certo - mas ele não se preocupa com a opinião de outros e isto é uma caraterística boa.
Outros jogadores portugueses que tiveram êxito na Polónia são Bernardo Vasconcelos e André Micael do Zawisza Bydgoszcz. Ambos ganharam a Taça da Polónia neste ano e ajudaram o Zawisza a manter-se na primeira divisão.
Dizem que nesta temporada houve dois portugueses no Jagiellonia Białystok, mas parece que eles foram jogadores-fantasmas porque não jogaram nem uma partida. Eles são: Nuno Henrique e Tiago Targino. Chegaram ao Jagiellonia em fevereiro e em maio... o clube rescindiu os seus contratos. Vale a pena mencionar que este Nuno Henrique desde 2011 participou só em 10 jogos das suas equipas. Impressionante.
Mas não só eles não cumpriram as esperanças. O melhor exemplo é Hélio Pinto. O ex-jogador do Benfica e do APOEL. Com a equipa de Chipre Pinto alcançou os quartos de final da Liga dos Campeões, nos quais perderam com o Real Madrid. Pinto foi a estrela e o cérebro da equipa. Mas depois de mudar para o Legia, esqueceu-se de jogar futebol. Perde todas as bolas, parece que é o jogador mais lento do plantel. Nunca ganhou o lugar no onze inicial. O caso de Orlando Sá é muito parecido. O Legia comprou-o quando tinha um grande problema com avançados. Sá parecia ser a solução. Mas ainda não tendo nenhuma competência o treinador Henning Berg não apostava nele. Preferia mudar a tática e jogar com um falso 9. No Legia ainda há um jogador nascido em Portugal – Dossa Júnior, porém, ele jogou muitos anos em Chipre e escolheu (ou melhor, não tinha alternativa) jogar na seleção deste país. Ele tem o seu lugar no onze assegurado.
No Zagłębie Lubin joga Manuel Curto, meio-campista. Mas basta dizer que nesta temporada participou em 17 jogos (então menos que a metade) e o Zagłębie desceu. O último português na nossa liga é Tiago Lopes, chamado Rabiola. Teve a temporada quase como Curto, mas o seu Piast Gliwice conseguiu manter-se.
É certo que os portugueses enriquecem a liga polaca. Há muito tempo que não havia cá um jogador como Marco Paixão, que marque tantos golos, com tanta facilidade. Mas muitos clubes polacos cometem o mesmo erro de sempre: pensam que qualquer jogador estrangeiro é melhor do que um polaco e compram futebolistas totalmente desconhecidos, sem ritmo, futebolisticamente velhos e limitados. Isto não passa só com os portugueses porque temos também jogadores de Burkina Faso, Zimbabwe, Congo, Haiti, Burundi ou Albânia. 90 por cento dos jogadores destes países são péssimos. Mas os nossos clubes continuam a comprá-los, impossibilitando desenvolvimento dos jovens jogadores polacos.

Maciej Durka
3º ano de Estudos Portugueses

NR: Este artigo refere-se à época 2013-2014. Na presente temporada jogam na Ekstraklasa os seguintes jogadores:
Tiago Valente (Lechia Gdansk)
Hélio Pinto e Orlando Sá (Legia Warszawa)
Ricardo Nunes e Bruno Loureiro (Pogoń Szczecin)
Marco Paixão e Flávio Paixão (Śląsk Wrocław)

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