Chávena
Era uma vez
uma chávena bonita. Era de cor champanhe, bastante alta, de porcelana,
enfeitada com rosas vermelhas. Vivia num armário abarrotado de outras chávenas
e pratos. Era a chávena mais bonita de todo o armário. E não só era linda, mas
também inteligente. Gostava de ler etiquetas de café e o seu conteúdo. Mas a
sua leitura favorita eram as instruções da cafeteira.
Infelizmente, a nossa chávena não
tinha amigos. As suas companheiras de apartamento odiavam-na porque
invejavam-lhe a sua beleza. Os pratos não falavam com ela, porque as suas
colegas proibiam-nos de o fazer. A chávena sentia-se muito sozinha, queria
largar a sua vida. Começava a cair numa depressão quando um prato novo mudou-se
para o armário. O prato, uma criatura vistosa, apaixonou-se pela chávena à
primeira vista. E o seu amor foi mútuo. Mas ele não agradava só à chávena,
outras já estavam a pensar em escolher o vestido de casamento. Uma vez, a
chávena mais tonta e mentirosa, disse-lhe que tinha esperado por ele toda a sua
vida. E começou a beijá-lo. O prato não queria ofender a nova colega e aceitou
o seu beijo. A mentirosa celebrou a sua vitória mostrando às suas companheiras
o seu dedo médio. A partir deste momento, jactava-se do seu noivado imaginário
enquanto o prato não se interessava por ela. Ele tentava convidar a chávena
para um café, mas a sua namorada suspeitava de algo e perseguia-o sempre. Uma
tarde, depois do banho no lava-louças, a mentirosa empurrou a chávena, que caiu
ao chão. A chávena coitada quebrou a sua orelha. O prato ficou muito nervoso,
acusou a mentirosa de tentativa de assassinato e disse-lhe que nunca a amou.
A mentirosa ficou tão destroçada que
se atirou da beira do armário. O prato finalmente convidou a chávena para tomar
café e mais tarde casaram-se. A chávena pariu duas colheres. Todos viveram
muito felizes para sempre.
Magdalena Szczypta
2º ano de Filologia Ibérica
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