Polónia – País dos buracos

No meu país há buracos por todo o lado. Imensos. Grandes e pequenos. Podem ser divididos em grupos, mas também podem ser considerados geralmente como um conjunto (isso, porém, não seria aconselhável, porque os buracos são muito diversificados). Acho que o assunto dos buracos é extremamente sério e tem de ser tratado seriamente, especialmente perante as próximas eleições presidenciais. Não sei porquê, mas parece que os políticos e as pessoas que possuem qualquer tipo de poder têm muito a ver com certos géneros dos buracos. Aqui vão ser brevemente apresentados alguns deles:
-Buracos orçamentais: A presença dos buracos no orçamento do governo da Polónia é indubitável. A dívida pública é enorme e continua a crescer, já conseguimos a acostumar-nos à constante falta de dinheiro.
-Buracos nas carteiras:  É incrível quanto dinheiro cabe nas carteiras dos governantes.  Ganham muitíssimo e nunca ficam satisfeitos, querem sempre mais e mais. Onde é que estão estes milhões que com tanta fúria arrancam de nós? Parece que as suas carteiras ou são sem fundo ou são mesmo cheias de buracos.
-Buracos na memória: O mencionado grupo dos poderosos que são verdadeiros especialistas em promessas. São excelentes visionários, têm ideias luminosas, frequentemente apresentam os seus planos muito bonitos. Adoram declarações que, infelizmente, muitas vezes são fábulas. Não quero julgar ninguém, seria injusto dizer, que eles mentem de forma incessante e propositadamente. Para não arruinar a minha idealística visão do mundo e cega crença na bondade e boa vontade das pessoas, aposto que todas estas desilusões são causadas por buracos na memória dos políticos. Eles, após as eleições, simplesmente, esquecem-se das promessas.
A política porém não é a única área que tem a ver com os buracos. Há mais. Nas estradas, por exemplo. Andar de carro aqui muitas vezes assemelha-se  a um slalom. O nosso país é já famoso pela má qualidade das estradas, e não é fama que traz muito orgulho. Se olharmos mais profundamente a questão dos buracos, vê-se uma certa correlação entre as frequentes faltas do asfalto nas ruas e os secretos buracos nas carteiras dos governantes. Como assim? Já explico.
Nós, os cidadãos, pagamos os impostos de circulação para cobrir as despesas de manutenção das estradas para que fiquem em condições de circulação. Quem se ocupa deste dinheiro são os políticos, os proprietários das carteiras sempre vazias, com constante necessidade de as abastecer. Preferem então reservar este dinheiro para as suas necessidades próprias, em vez de tratar dos assuntos públicos. Assim sendo, o imposto destinado para tapar os buracos na estrada desvia-se radicalmente e enche as esburacadas carteiras dos poderosos, onde desaparece para sempre. Assim fecha-se o círculo da nossa moeda. A maior parte do dinheiro dos nossos impostos, perde-se como se fosse posta num buraco negro.
Aleksandra Porębska
3º ano de Estudos Portugueses

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