Zygmunt Szafrański

(O meu pai e o meu avô)

Zygmunt Szafrański, médico e ativista, nasceu a 17 de agosto de 1913 em Lewków, perto de Ostrów Wielkopolski. Depois de ter completado o ensino na escola de terceiro ciclo em Brzesko-Okocim em 1932, começou os estudos no Departamento de Medicina da Universidade de Poznan que terminou em 1938. Praticou medicina no hospital municipal de Gniezno e de Sieradz. Em 1939 foi convocado para o hospital de campanha do exército “Poznań“. Tomou parte na batalha de Bzura durante a qual foi feito prisioneiro pelos alemães. 
No campo de prisioneiros de guerra serviu como médico, cuidando dos doentes e feridos. Em 1940 foi libertado do Oflag e deslocado para o Governo Geral. Durante este período chegou a Radom, onde ficou até à sua morte e trabalhou no hospital municipal no departamento das doenças pulmonares. Em 1942 casou-se com a doutora Zofia Pietras, que faleceu infetada com a febre tifoide no dia 13 de setembro de 1944. Deste casamento teve dois filhos: Maria e Wojciech. O dr Zygmunt Szafrański colaborou com o movimento da resistência, participando na proteção das pessoas ameaçadas de prisão ou de deportação para o trabalho na Alemanha emitindo os atestados médicos falsos, colocando no hospital sob os diferentes pretextos ou curando os soldados das unidades do exército clandestino, os partisans. O dr Szafrański foi detido pela Gestapo de Radom, em 7 de abril de 1943, depois de 6 meses a investigá-lo e sujeito a torturas regulares. 
Depois foi transportado para Auschwitz, onde, considerado inimigo extremamente perigoso do Terceiro Reich, teve de usar as iniciais “IL“ o que significava o trabalho duro e escravo, rodeado de cabos de alta tensão, mas também a aplicação do chamado “Postperre“ - proibição de enviar e receber o correio. Trabalhou na Straftkompanie, uma divisão do campo, onde os prisioneiros eram forçados ao trabalho árduo, durante o qual a maioria deles morria. Foi mais duro e mais longo do que noutras partes do campo, a ração diária era mais reduzida, assim como o pausa do trabalho. A única coisa que havia em excesso era tortura. O obetivo era que o prisioneiro trabalhasse até à morte. Durante a sua estadia em Auschwitz foi submetido a pseudotratamentos farmacológicos. 
 No dia 19 de novembro de 1943 foi colocado no K.L Hamburg-Neuengamme e empregado como prisoneiro-médico no departamento de tuberculose do hospital. Segundo os testemunhos de outros prisioneiros Zygmunt Szafrański foi o padrão de patriota-militar, dedicado aos prisioneiros, encorajando moralmente e fisicamente (tratamento dos pacientes nas condições extremamente desumanas). Prolongava a permanência dos prisioneiros no departamento do hospital do campo. Ligado ao movimento da resistência do campo, várias vezes fez sabotagem  executando deliberadamente mal as ordens e divulgando mensagens hostis. Libertado pelo exército britânico no dia 3 de maio de 1945, durante o transporte dos “muçulmanos”, trabalhou em Lübeck até 25 de setembro de 1945 como diretor do departamento de Medicina Interna do hospital polaco. Depois de ter voltado à Polónia, até ao dia 17 de junho de 1975, geriu o Centro de Doenças Pulmonares, ao mesmo tempo trabalhando na Clínica de Tuberculose da PKP em Radom. Em 1953 casou-se pela segunda vez com a professora de inglês, Wanda Grochalska com quem teve dois filhos: Beata e Leszek. 
Possuidor de um conhecimento teórico e prático profundo, foi ativista, professor e pedagogo assim como organizador excelente. Nos anos 50 organizou em Radom consultas mensais com a participação dos docentes do Instituto de Tuberculose e introduziu as cirurgias inovadoras. Formou a personalidade de jovens médicos, ensinou, dedicou muito tempo às conversas profissionais, recomendando a literatura especializada. O maior mérito do dr. Szafrański foi a reconstrução e modernização do Centro de Tuberculose de Radom. Tinha um grande pudor, dedicação ao trabalho e à atividade social. Interessou-se pela coleção de curiosidades literárias e de gravuras antigas, enquanto a história da cultura nacional e regional foram a sua paixão. Faleceu no dia 17 de novembro de 1975, postumamente condecorado com a Ordem da Polonia Restituta.

Ewa Szafrańska
3º ano de Estudos Portugueses

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