Português europeu ou brasileiro - qual escolher?

Sou aluna do terceiro ano de Filologia Românica da UMCS. A minha primeira língua é o francês e a segunda é o português. Desde o início, eu tive as aulas de português com dois professores que me ensinaram as duas variantes diferentes do português, a europeia e a brasileira. Nos primeiros dias de aulas, percebi rapidamente que essas duas versões têm muitas semelhanças, mas também muitas diferenças. No final do ano eu decidi que quero participar no programa de intercâmbio Erasmus durante um ano e fui para Portugal estudar o segundo curso que frequento, Turismo e Lazer. Eu queria aprender a linguagem informal e ser capaz de falar bem pelo menos numa variante de português. Isto foi um grande desafio! Eu passei muito tempo com os estudantes estrangeiros que falavam só inglês. Também na universidade era mais fácil de comunicar em inglês. No entanto, no segundo semestre, eu já sabia que era preciso encontrar algumas pessoas que vão estar dispostas a conversar comigo em português o mais rápido possível. Participei em várias reuniões de linguistas e de viajantes mas reuniões de uma hora não foram suficientes. Finalmente encontrei um grupo das pessoas do Brasil e nós tornamo-nos amigos. Falavam mal inglês, por isso fui obrigada a falar português com eles. Desta forma, quando eu estava em Portugal, eu aprendi a falar português na variante brasileira.
Agora, eu gostaria de apresentar neste artigo as diferenças básicas nas duas variantes do português, a fim de facilitar a escolha de aprendizagem de uma delas. Em todo o mundo há cerca de 210 milhões pessoas que falam português.  O português é a sexta língua mais usada do mundo. Fora de Portugal, é língua oficial em Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. O Brasil possui cerca de 194 milhões de habitantes,  Portugal cerca de 11 milhões. O português é uma língua única, combinando os melhores sabores de muitas línguas europeias, mas não se limitando às da Europa. Por um lado, extremamente suave, melódico, quente, por outro lado, uma língua  dura, incrivelmente intensa.
A pronúncia: A variante brasileira, em oposição à da Europa, não tem a redução de vogais em sílabas átonas (por exemplo: a palavra distante em Portugal pronunciamos  quase como dsztant e no Brasil dzistanci). Portanto, ficamos com a impressão de que a pronúncia brasileira é mais suave e melódica.
O português do Brasil é enriquecido com uma série de palavras e de expressões das línguas dos índios brasileiros e ex-escravos da África Ocidental. Há também algumas diferenças significativas no vocabulário quotidiano (por exemplo, o ônibus no Brasil é o autocarro em Portugal, o sorvete no Brasil é o gelado em Portugal, etc.). No Brasil, há ainda mais estrangeirismos do inglês.
A gramática: Não há muitas diferenças na gramática de português brasileiro e europeu. Os termos de uso e a colocação dos pronomes numa frase em português do Brasil são mais simples do que na Europa. As outras modificações significativas à gramática que existem no português brasileiro é evitar o pronome possessivo definitivo (no Brasil, diz-se: meu carro, em Portugal: o meu carro) e o uso das formas verbais da terceira pessoa do singular em vez da segunda pessoa do singular (você diz no Brasil é tu falas em Portugal).
Como você pode ver a escolha não é fácil, eu ainda não decidi qual variante escolher :)  Talvez, quando o meu sonho de fazer uma viagem ao Brasil se torne realidade um dia,  eu decida que variante prefiro...

Karolina Swaj
3º ano de Filologia Românica

Comentários

  1. Sou brasileiro e tive a oportunidade morar no Porto-Portugal, em 2007, por meio de um programa de intercâmbio semelhante ao Erasmus. Por lá pude vivenciar as nuances das duas variantes.Uma vez fora da minha zona de conforto foi possível perceber obviedades e idiossincrasias do português brasileiro que até não me eram claras, além das curiosas experiências que tive com o português lusitano. Sem querer ser imparcial, mas penso que a vivência no Brasil ou com brasileiros é mais propícia ao aprendizado da língua portuguesa do que em Portugal e com portugueses. Não apenas em função da maior maleabilidade do povo, mas principalmente pela pronúncia e escrita mais fluidas. De qualquer maneira, o empenho e a prática contínua é que fazem diferença para alcançar a fluência em um idioma estrangeiro.

    Parabéns pelo texto.

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  2. Ora bem, após a leitura deste nosso patrício de língua portuguesa, não posso deixar de deixar por escrito a minha opinião. Não é com este género de comentários, os que defendem a aprendizagem de uma língua em um país em detrimento de um outro, que a língua de Camões poderá ter um lugar como intrumento de trabalho internacional. Caros polacos, aprendam a língua portuguesa na sua variante europeia e então depois a variante brasileira; ou as duas em simultâneo. Não se queira invocar uma ser melhor do que outra, por um povo ser mais "maleável" do que outro? No entanto deixo aqui explícito que o Brasil é uma extensão de Portugal, segundo palavras de Niemeyer e que para a compreensão profunda do sentimento brasílico é necessário conhecer profundamente a alma lusitana. Não sejamos superficiais, devemos ir ao âmago da questão.

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  3. Não! De jeito maneira, o Brasil não é uma extensão de Portugal e, sinceramente, o português brasileiro é a melhor opção pra quem quer falar com o mundo, quem quiser falar com Portugal suas demais ex-colônias escolha a variante lusitana.

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  4. Pelo o que eu li no seu texto, você não conhece muito sobre o modo como os brasileiros falam. Um conselho: fique com o português europeu, combina com você.

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  5. Obvio que nesse requisito vai de sua preferência, eu particularmente prefiro português brasileiro, por ser mais simples, mais apresentável,
    Nesse contexto ela pode assegurar que nosso idioma brasileiro é mais melódico, sinua se que vai de sua preferencia, mesmo com toda conjugação se assemelhar e fugir na pronuncia, em todo sentido aprender um idioma que particularmente apenas 10 milhões falam, acho desperdício

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  6. Caro Matheus, acha que aprender um idioma falado apenas por 10 milhões é desperdício??? Está a falar de que idioma? Do idioma dos seus antepassados? Do idioma em que escreveu este comentário? Do idioma falado não só em Portugal mas também no Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Angola, São Tomé e Príncipe, Moçambique e Timor Leste? Do idioma em que se expressou Pessoa ou Assis ou Amado? O idioma é o mesmo e o que torna rico é a diversidade de sotaques e regionalismos. Deixe de lado os seus complexos e ame a língua portuguesa, respeite as diferenças e não a suje com estrangeirismos. Se o meu comentário foi complicado e pouco apresentável queira desculpar-me.

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  7. minha querida vá aprender o português brasileiro e seja feliz. Faça que nem o mundo ao aprender o inglês, que é escolhido levando-se em conta o inglês falado nos Estados Unidos e não o da Inglaterra. Nada contra Portugal, ma o português brasileiro é muito melhor. Ah, e já somos 200 milhões, só pra constar.

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  8. Senhor Santos...quantidade não é qualidade. E desses 200 milhões quantos sabem ler e escrever corretamente? E o português brasileiro é melhor em quê? É um pouco diferente mas não é melhor ou pior. Aprenda a respeitar as diferenças. Na Europa aprendemos a versão europeia e não a americana do inglês. Por isso não fale em mundo. É um pouco triste quando uma língua serve para camuflar complexos de inferioridade. Não maltratem a língua portuguesa com tanto estrangeirismo nem a usem como arma de arremesso.

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  9. 210 milhões somente no Brasil! É a variante mais falada, mais ensinada a estrangeiros em todo canto do mundo.

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    1. Leia os nossos comentários por favor. E perceba que isto não é uma competição. Conhece a realidade do ensino da língua portuguesa a nível mundial? Sabe o que é o Camões/ Instituto da Cooperação e da Língua? Voltamos mais uma vez a dizer que quantidade não é qualidade e que os estrangeirismos "sujam" as línguas quando usados em excesso e sem nexo. E controle esse complexo de inferioridade.

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  11. Sinceramente, tenho vergonha dos comentários de meus compatriotas brasileiros, acho super válido o aprendizado do português europeu, que tem uma beleza particular que dista daquela do brasileiro, se for para cotejar diria com honestidade que tenho muito mais apreço e respeito pelo português falado em Portugal, país que me parece ter sido mais capaz de preservar nossa bela e rica língua, tanto no falar do povo quanto na escrita. A condição atual do nosso uso de pronomes é triste, tanto no que diz respeito à perda do "tu" e do "vós" quanto ao total abandono dos pronomes átonos, além disso concordo com você quando diz que barbarismos só fazem denegrir a língua.

    Espero que tenha conseguido progredir nos seu estudos do português e boa sorte.

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    1. Infelizmente, o pronome vós está a desaparecer em Portugal a favor do pronome vocês. Porém, as formas "vos" e "vosso" (com suas variantes) ainda estão vivas.

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  13. Olá a todos falantes da nossa belíssima língua lusófona!
    Inicialmente, gostaria de parabenizar nossa nobre colega pelo texto apresentado, escrito de forma clara e respeitosa. Gostaria, humildemente, de fazer algumas reflexões a respeito:

    1) A nossa belíssima língua originou-se do latim vulgar/galego-português, posteriormente, formando a língua portuguesa como a conhecemos. Isso demonstra que a língua é dinâmica, está aberta as mais diversas influências, enquanto alguns vocábulos nascem, outros caem em desuso. Isso não torna as cantigas trovadorescas menos importantes, com as belíssimas poesias deixadas por João Soares de Paiva, Paio Soares de Taveirós, João Garcia de Guilhade ou Afonso Sanches, que são capazes até hoje de aflorar os sentimentos mais profundos com seus versos metrificados e ricos em musicalidade e história.

    2) As duas variantes da língua portuguesa tanto a europeia quanto a americana/ ou a portuguesa e a brasileira possuem relevância, características peculiares, estados de poesia e grande riqueza cultural, ambas com o seu devido valor histórico. A opção por uma ou outra depende da subjetividade de cada indivíduo, das suas experiências e objetivos.

    3) É inegável que a língua portuguesa, de falantes brasileiros, destoa em alguns pontos da variante de Portugal, um processo natural de todas as línguas. Isso decorre dos processos migratórios e culturais do Brasil, destaca-se uma forte influência dos nativos que aqui viviam, os povos das florestas falavam, aproximadamente, mais de 1,5 mil línguas/dialetos diferentes, deixando sua contribuição para língua, com tantas palavras originárias desses povos, como catapora, mingau, muamba, tamanduá e muitas outras. Além disso, tem-se a imigração dos italianos, espanhóis, alemães, japoneses (diga-se de passagem que é a maior colônia japonesa fora do Japão encontra-se no Brasil) e muitas outras nacionalidades que muito contribuíram para a formação da vertente brasileira da língua.

    4) Nesse sentido, acredito que se deve considerar a importância dos portugueses para que essa belíssima língua seja falada no nosso Brasil, até mesmo porque isso faz parte da nossa história, do processo de colonização e dos belos sonetos de Camões, como também, a importância dos brasileiros na disseminação da língua e pela sua relevância mundial devido aos quase 210 milhões de falantes da Língua Portuguesa, apenas no Brasil.

    5) Por fim, entendo que as línguas são elementos culturais de cada país, fazendo parte da sua identidade, devendo, assim, serem respeitadas e viverem em plena harmonia. De certo, rivalidades entre os falantes da Língua Portuguesa em nada ajudarão para a prosperidade dessa nossa língua. Os séculos a frente podem sim tornar as variantes em línguas diferentes, mas a nossa realidade é que se tratam apenas de variantes de uma única língua com suas nuances que a deixa cada vez mais linda e melódica.


    Abraço fraterno!

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