Viagem a Portugal
Quase todo um ano de contagem decrescente, de grandes
planos e de impaciência que tornava a vida quotidiana extremamente
difícil e não me permitia concentrar em nada... Bem, talvez exagere um
pouquinho, mas aproximadamente isto é a imagem da grande expectativa
do Dia Zero: o 24 de abril e a nossa primeira viagem a
Portugal! Não vou enumerar os lugares onde estivemos, porque o meu objetivo não é criar um
guia turístico ou o capítulo seguinte
do Português XXI. Cada um pode
ler sobre as partes mais bonitas de Portugal e da sua história na
Internet ou em livros disponíveis na
biblioteca do nosso instituto Camões.
Eu, por outro lado, gostaria de apresentar as minhas impressões e
sentimentos após nove dias
num dos lugares mais bonitos em
que eu tive a honra de estar. E falando das impressões não quero expressar apenas
louvor e admiração pelo que
experimentei, mas apresentar a imagem completa da nossa viagem, incluindo também os elementos
de que eu não gostei. Então,
começamos! O que é que eu gostei:
DOCES!!! - A cozinha portuguesa em geral é, para as
papilas gustativas eslavas, acostumados aos sabores diferentes, algo exótico e
cativante. Não comemos tantos peixes e quase nunca se pode encontrar nos
nossos pratos os mariscos, é certo. Mas também tenho de admitir que os nossos
bolos, mesmo que sejam deliciosos, devem dar lugar às delícias portuguesas. As
pastelarias foram os lugares visitados por nós consequentemente todos os dias,
sem contar calorias,estando sempre igualmente excitadas para provar algo novo.
Sem hesitação posso dizer, que tenho imensas saudades do bolo mil folhas ou pão
de ló acompanhado pelo galão, a melhor maneira de começar um dia. O que eu
gostei também foram os preços razoáveis, particularmente do café. Não sei
porquê, mas na Polónia, essa bebida custa até três vezes mais do que em
Portugal....
A GENTE: Talvez possa soar piegas o que vou escrever, mas
verdadeiramente amei a cordialidade e a abertura dos portugueses. Ouvi
falar muitas vezes sobre o outro modo de estar e a disposição do caráter
dos nossos irmãos portugueses e finalmente experimentei em primeira
mão. Vem-me à mente uma situação que realmente me surpreendeu. Uma vez,
andando por uma calçada muito estreita, uma de nós embarrou num caixote cheio
de maçãs que se espalharam todas na rua. Estávamos terrivelmente
envergonhadas por termos causado um problema assim e começamos imediatamente a
apanhar a fruta do chão antes que os carros as esmagassem. Ficamos
surpreendidas com a reação do vendedor que, apanhando a fruta connosco,
disse-nos que não nos devíamos preocupar porque não aconteceu nada de mal,
quase se como se fosse a sua culpa, mesmo que as maçãs ficassem sujas e um
pouco machucadas. Quase cada dia experimentamos a pequena bondade
das pessoas que na rua nos perguntavam se precisávamos da alguma ajuda.
Esses pequenos atos de prestimosidade verdadeiramente restauraram a minha
confiança no homem.
NOITES: Outro cliché sobre Portugal confirmou-se: a vida
noturna muito ativa, como se esse país nunca dormisse. É verdade que os
Portugueses não saiam de casa antes das 20 horas (e mesmo nesta hora as ruas
estão relativamente vazias) . Mesmo os restaurantes estão vazios e de tarde só
os loucos turistas os frequentam. À noite, por sua vez, a cidade
paradoxalmente renasce depois de uma letargia de tarde lenta e preguiçosa
ou para festejar ou para jantar com os amigos. As ruas estão cheias de
gente: suas vozes, cores, sons das discotecas ou bares e cheiros dos
restaurantes, nesta hora, superlotados. Não sou uma notívaga, mas
verdadeiramente gozei essas “excursões“ noturnas.
CONVIVÊNCIA: Uma das minhas observações preferidas: o modo como os
portugueses passam o tempo juntos, abstraindo da idade, encontrando-se em
restaurantes ou em pastelarias. Na Nazaré vimos um grupo de velhinhas
(categoria etária mais de 70 anos :-)) que comiam marisco e discutiam
ruidosamente. Ou em Alfama, na pequena pastelaria outras mulheres, que às 9
horas tomaram juntas o pequeno almoço. Com certeza, dou-me conta de que essa
diferença entre os polacos e os portugueses não é só a questão da
mentalidade e cultura diferente, mas também de finanças e essa estranha
convicção, que ainda é infelizmente bastante popular entre nós, que combinar
com os amigos para jantar no restaurante é pretensioso.
COR VERMELHA – E daí?- Primeiramente quando vi este fenómeno pela
primeira vez, fiquei extremamente surpreendida: luz vermelha na passadeira é o
sinónimo de “parar!“, “cuidado!“, mas de maneira nenhuma para os portugueses. A
reação dos portugueses foi igualmente interessante: absoluta e santa prioridade
do pedestre: se ele quiser passar na rua, há que ser paciente e esperar um
pouquinho. Para nós esse fenómeno inicialmente induzia uma ligeira adrenalina:
infringíamos a lei e púnhamos a nossa vida em risco! Mas depois percebemos que
a rua portuguesa possuiu as suas próprias regras que cada um deve obedecer. ;-)
Eu podia enumerar muito mais e entrar em detalhas,
porque o meu primeiro encontro com Portugal foi muito além das minhas
expectativas (no sentido positivo, com certeza), mas não há bela sem senão,
mesmo que sejam poucos:
DISCOTECAS: Esses locais na Polónia e em Portugal não têm muito a
ver uns com os outros, ser ter em conta a música. A decoração de interiores nas
discotecas portuguesas não existe, porque é difícil considerar decoração
a cabina do DJ, o pequeno bar com a cerveja muito pequenina, mas extremamente
cara e quatro paredes que são os únicos objetos dentro do local. Algumas
não têm nem tabuleta. Como se isso não fosse suficiente, não é nada estranho
fumar dentro do local, mesmo quando de dança. E as regras de saúde e segurança
ou a possibilidade do incêndio? Quem se importaria com isso quando a festa está
a bombar? E o chão? Não quero
nem imaginar o que havia no chão, mas regularmente tive de remover algum
“adereço“ das minhas solas de sapatos.
PREÇOS DE TRANSPORTE: O transporte é
muito bem organizado e limpo (que não é hoje tão óbvio), mas os preços dos
bilhetes são de cair para o lado especialmente porque não há desconto para
os estudantes.
Ewa Szafrańska
3º ano de Estudos Portugueses
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