Yami em Lublin

  As ruas de Lublin cheias de pessoas não cientes da magia que cerca as vidas em todos os momentos. A luz da lua alumbra subtilmente todos os eventos e todos os sons da cidade. Nesta atmosfera coisas extraordinárias podem ocorrer... Nesta atmosfera uma cidade no centro de Europa pode transformar-se num lugar completamente diferente. 
  Foi isso que aconteceu na terça-feira, 29 de maio, por volta das 20:00, quando um grupo de artistas veio ao Czarny Tulipan, um restaurante no centro da cidade velha, para tocar música do mundo lusófono. Yami (Perfil no Myspace), vocalista de origem angolana, João Balão (Perfil no Myspace), baixista português, e Marito Marques (Página oficial), baterista português, levaram todos para um mundo sem fronteiras nenhumas onde os sons têm a fragrância e o sabor das emoções verdadeiras. A sala estava cheia de pessoas que não esperavam fazer uma viagem tão incrível. 
  O trio dos músicos tocou não somente canções angolanas, mas também de Cabo Verde ou São Tomé. As caras sérias da audiência mudaram rapidamente - todas as pessoas sentiram contacto com o mundo desconhecido. Algumas pessoas começaram a dançar aos ritmos das mornas, coladeras e sembas. Canções como "Mãe Negra", "Sodade", "Marimbondo Uamulumata" ou "Kananga do Amor" transformaram este pequeno lugar num mundo cheio de emoções. Os sons tornaram-se o recurso para pintar as paisagens quase espirituais. Os artistas pareciam honestos e alegres - portanto, conseguiram estabelecer uma relação com o público. O concerto foi dividido em duas partes - a primeira foi dedicada às canções calmas e românticas. Yami cantou entre outras "Marimbondo Uamulumata" para o único angolano que vive em Lublin e que veio ao concerto. Depois, cantou "Kananga do Amor" para todas as mulheres reunidas no local. João Balão acompanhou no cavaquinho - o instrumento originado no norte de Portugal, enquanto Marito Marques encantou o público com sons suaves e delicados de bateria. Na segunda parte, a banda foi acompanhada pelo músico polaco, Mieczysław Jurecki, que se juntou à banda depois do concerto maravilhoso do dia anterior. Essa parte foi mais energética e todas as pessoas que tinham conseguido permanecer sentadas até este momento, começaram a dançar ou, pelo menos, dar saltos. A alegria visível nas caras dos músicos mostrou que, no caso da música, as fronteiras não são importantes. As duas horas do concerto provaram que a magia trazida pela música pode acontecer em todos os lugares e que há algumas coisas mais poderosas do que as divisões culturais ou linguisticas. Às vezes tudo o que se precisa é parar por um momento e abrir os olhos e os corações às emoções transmitidas pelos sons. 

Małgorzata Miciuła

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