Azulejos em Lisboa

      Há muito poucos lugares no mundo que se podem orgulhar de manter a tradição e uso artístico dos azulejos. Cada grupo de azulejos (de “azzelij”, palavra árabe que significa pequena pedra polida), contam uma história ou retratam uma tradição. A melhor maneira de conhecer esta forma de arte tradicional portuguesa, é caminhar pela cidade, visitar o museu ou, o que é muito interessante, andar de metro.
           
Os azulejos em Portugal sempre foram utilizados de uma forma muito original. Mesmo que tenham uso noutros países, como Itália, Espanha, Turquia ou Marrocos, os azulejos não têm, em nenhum outro país, o mesmo simbolismo nem a mesma relevância da expressão artística nacional. Em Portugal os azulejos são usados para decorar interiores ou fachadas de casas ou igrejas. Tiveram uma intervenção poética na forma arquitectónica não só de Lisboa mas também de outras cidades portuguesas. Foram submetidos a várias influências, desde a tradição islâmica à holandesa, o que moldou e mudou a arte de criar azulejos, as suas características e a sua utilidade. 
            Isto é porque Lisboa tem o seu Museu Nacional dedicado aos azulejos.
Este museu tem duas características sedutoras. Uma é a notável colecção de azulejos, outro é o impressionante edifício. Este antigo Convento da Madre de Deus, fundado em 1509 pela Rainha D. Leonor, possui uma Igreja requintada no interior, com as paredes com azulejos e pintadas com folha de ouro. A colecção mostra peças feitas desde o século XV até o século XXI, mostrando como esta forma de arte se adaptou aos tempos modernos. Para além do edifício e as peças antigas em exposição permanente, pode visitar também o trabalho das fábricas contemporâneas ou dos artistas individuais que estão expostas durante as exposições temporárias.
            Os azulejos estão também presentes em muitos cantos da cidade, nos miradouros, nas fachadas das igrejas, ou nas paredes de edifícios importantes. Vale a pena fazer uma visita da cidade e usar alguns estudos sobre os azulejos.
           
Em Alfama, os azulejos mostram imagens de santos. São colocados nas entradas das casas como forma de proteção das famílias que ai  moram . Nos painéis grandes do Mosteiro de São Vicente de Fora os azulejos descrevem a conquista de Lisboa, com os cristãos a subir a muralha construída pelos muçulmanos.
            Também no Bairro Alto ou na zona do Chiado, algumas das fachadas das casas estão cobertas desta forma tradicional da arte portuguesa.
            Com certeza, os lugares mais acessíveis para ver os azulejos em grande conjunto são as estações do metro. Cada uma com o seu motivo condutor conta alguma história. Cada viagem pode ser uma surpresa. No Cais do Sodré, o coelho apressado de Alice no País das Maravilhas indica o caminho. A Baixa/Chiado é assinada pelo reconhecido arquiteto Siza Vieira, com decoração do pintor Ângelo de Sousa. Já no Parque podemos conhecer as histórias fantásticas dos Descobrimentos (um mapa mundial com a indicação das rotas que os portugueses trilharam, delimitadas por retângulos numerados, simbologia e iconografia usadas na época dos Descobrimentos). Quando alguém quer visitar o Jardim Zoológico, os animais já o esperam na estação. Porém nas Laranjeiras todos têm vontade de comer este delicioso fruto.
            Para começar, siga uma linha de cor - verde, amarelo, vermelho ou azul - e faça combinações. Qualquer percurso será uma viagem pela história do azulejo no séc. XX. No final, escolha a sua estação preferida. A ideia de decorar o Metro de Lisboa surgiu com a sua construção nos anos 50, para nivelar a sensação de estar debaixo da terra. Optou-se por cobrir as paredes das estações com azulejos, um elemento decorativo tradicional perfeito para o objetivo. O arquiteto, Keil do Amaral, e a artista plástica, Maria Keil, definiram então um modelo para estes espaços públicos que se tornou um exemplo a seguir.
            Uma nova geração de estações surgiu nos anos 90. Para as animar, arquiteto de renome e artistas plásticos escolheram temas alusivos à zona da cidade em que se encontram e sobre a cultura portuguesa, com as mais recentes linguagens artísticas.  O Metro de Lisboa passou fronteiras e levou obras de arte para os metros de Bruxelas (Jardin Botanique), Paris (Champs Élysées/Clémenceau), Budapeste (Deák Tér), Moscovo (Belourusskaya) e Sydney (Martin Place).
Katarzyna Jarmuł





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