As favelas do Rio de Janeiro
O Rio de Janeiro é uma das cidades mais famosas do mundo. Ao mesmo tempo é uma cidade muito contraditória. Esta antiga capital do Brasil é um lugar cheio de paisagens bonitas, de gente simpática, de dança, alegria, sol e com a estátua de Cristo que com as mãos abertas cuida da cidade. Mas fama e beleza não são as suas únicas características. No terceiro lugar, sem dúvida, pode colocar-se o perigo. É uma cidade onde os assaltos, narcotráfico e assassinatos estão no ordem do dia. Mas este perigo encontra-se nos arredores do Rio, longe das maravilhosas casas dos ricos políticos e empresários. Encontra- se nas favelas. As favelas foram a fonte das inspirações para muitos artistas. O filme mais famoso que conta a inquietante e verdadeira história de uns rapazes que crescem num dos bairros dos arredores do Rio, chama-se “A Cidade de Deus” (http://www.youtube.com/watch?v=CjmvbfkH_is&feature=related). Este filme de Fernando Meirelles apresenta-nos a essência das favelas: corrupção, narcotráfico, assaltos, sofrimento, morte. Mas será que realmente a vida lá é tão má como a mostram no filme? De algum modo as pessoas, e não são poucas, conseguem viver ali.
A maior favela de toda a cidade (e provavelmente de toda a America Latina) chama-se Rocinha onde moram mais de 100 mil pessoas (http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/7e/1_rocinha_favela_closeup.JPG)(http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/6e/Rocinha_rio_de_janeiro_panorama_2010.jpg) . É a casa da quadrilha ADA (Amigos dos Amigos) que é atualmente o gangue dominante no Rio de Janeiro. O boss da quadrilha chama-se Nem e nada pode acontecer na Rocinha sem a sua autorização. A favela é bem protegida, nas entradas podem-se ver rapazes (que com certeza não têm mais que vinte anos) com metralhadoras penduradas nos ombros que observam quem quer entrar no seu território. Têm consigo rádios, caso tenham de chamar os reforços. O gangue admite os visitantes, gosta de atenção, mas exige o cumprimento das suas regras. Por exemplo não se pode tirar fotografias em certas zonas, que constituem os pontos de observação para os “soldados do gangue” ou não se pode olhar de forma provocativa para os membros do gangue. Na favela não se paga por nada. Energia, água, televisão até internet são gratuitas. Tudo é roubado da cidade. A cada poucos metros podem ver-se grandes teias de cabos pendurados acima das cabeças das pessoas. Se alguém não obedece às regras da Rocinha desaparece misteriosamente, e não é possível encontrar o seu corpo. Se obedece, vive sossegadamente.
Alguém poderia perguntar onde está a polícia? A primeira regra na favela diz que a polícia é o inimigo e os contactos com ela são tratados como traição que resulta geralmente na morte do traidor. A polícia não tem muita influência na favela. De vez em quando ocorrem tentativas de pacificar as favelas, mas geralmente esta ação tem sucesso só nas chamadas “toy favelas” que não são importantes para os gangues. Mas favelas como Rocinha são intocáveis para a polícia. Ocorreu uma vez que o helicóptero da polícia durante a tentativa de pacificar a favela foi atingido por uma bazuca. Por outro lado não se pode considerar a polícia impecável. A maioria desta instituição pública é subornada e não luta pela justiça mas pelos próprios benefícios. A única força militar da qual os gangues têm medo é o BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especiais) que ficou famoso graças ao filme “Tropa de Elite” (http://www.youtube.com/watch?v=ocFgDzdgfBk&feature=related) . Os seus métodos são eficientes mas controversos. Na opinião da maioria das pessoas, inclusivamente da Amnistia Internacional , BOPE abusa da sua força e não respeita os direitos humanos básicos. É chamado por alguns “A maquina de matar”.
Para aprofundar o tema recomendo:
- O documentário brasileiro de 1999 “Notícias de uma Guerra Particular”, realizado por Kátia Lund e João Moreira Salles http://www.youtube.com/watch?v=1WDQayolMfw .
Beata Gorgol
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