Goa… ainda portuguesa?



  






  Ontem entrei na minha página predileta onde se podem praticar línguas estrangeiras. Mal entrei recebi um convite para falar. O convite tinha sido enviado por uma pessoa da ĺndia cujo nome era um pouco estranho para um indiano. Era totalmente europeu, mais parecia português. Depois de cinco minutos de conversa perguntei a essa pessoa a origem do seu nome... Talvez essa pessoa fosse portuguesa? Não, nada tão misterioso. Os nomes portugueses fazem parte de legado que os portugueses deixaram em Goa durante 400 anos da sua residência na ĺndia. 
 Goa? Goa é um estado na ĺndia. Situa-se na costa do Mar de Arábia. A sua língua oficial é concani, mas ainda existem pessoas neste estado que falam português. A cidade principal chama-se Vasco da Gama. É um estado único onde a cultura indiana e portuguesa misturam-se por todos os lados. Goa, a partir de 1510, foi a capital do Estado Português da Índia, tendo sido integrada pela força na União Indiana em 1961. Falando da descolonização, o governo português liderado por Salazar recusou-se a negociar com a ĺndia. Então o povo indiano decidiu lutar contra os portugueses. Por essa razão, de 18 para 19 de dezembro de 1961 uma força indiana de 40.000 soldados conquistou Goa, encontrando pouca resistência. A maioria das nações reconheceram a ação da Índia, mas Portugal apenas a reconheceu após a Revolução dos Cravos, em 1974. As igrejas e conventos de Goa encontram-se classificadas como Património da Humanidade pela UNESCO. 
 A questão da religião- O mais importante legado português é a religião. Com a chegada da Inquisição à ĺndia os portugueses tentaram converter os residentes locais. É claro que os indianos não queriam deixar a sua religião e converter-se ao Cristianismo. Algumas pessoas foram ameaçadas com castigos ou confisco de terra, títulos ou propriedades. Também houve pessoas que o fizeram sem nenhum problema. Ser católico em Goa implica militância. Implica uma devoção. A concorrência entre religiões é muita, e os cristãos estão hoje espartilhados pelo hinduísmo dominante e pelo islamismo crescente. Todavia é possível assistir a uma missa na Igreja do Bom Jesus. É a igreja mais popular de Goa. 
 Os lugares e as pessoas- Em Panaji (port. Pangim) na casa branca da Fundação do Oriente, toda a gente diz que tem raízes portuguesas. Falar português ou apenas ter um apelido lusitano é um sinal reconhecido. No exclusivo Hotel Forte Aguada, por exemplo, as refeições dos hóspedes são acompanhadas pela toada de um fado cantado com sotaque indiano. Ouvir cantar fado enquanto se come um caldo que é verde mas não é Caldo Verde é, no mínimo, surpreendente. Quem anda por Goa acaba sempre por tropeçar em alguma coisa que traz Portugal à memória. Sejam as velhas tabuletas em português, a traça das casas indo-portuguesas ou uma oração murmurada numa das centenas de igrejas e capelas brancas espalhadas pelo território.Não é tão fácil encontrar algum lugar semelhante a Goa. Então quem procura Portugal, mas também procura algum lugar exótico tem de vir ao sitio onde duas culturas totalmente diferentes chocam e fazem algo que não é possível designar só em português mas também em indiano ou em concani. Se vens, descobrirás muito mais do que eu descrevi. Não seria interessante comer bacalhau e observar o carnaval nas ruas de Vasco da Gama vendo os indianos de raízes portugueses disfarçados de conquistadores?
Aleksandra Komorowska

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